## POEMA ASSIM, DO NADA ##

Poetas confabulam na madrugada,

versos se cruzam pelas esquinas da vida,

a cama espera o sono dos injustos consigo mesmos,

num olhar distante, num caminhar a esmo.

Escolhem o silêncio das revelações

ou mesmo o barulho delas, ensurdecedores.

Um bem-te-vi apressado, também acordado.

Não está cedo, pássaro aluado?

Mas o que é cedo diante do tempo ?

O que é o tempo diante do Universo,

que não se define e nem se revela?

A madrugada esfria e o dia em breve apontará.

Ainda nem estou pronta para a porta,

nem mesmo preciso sair.

O bem-te-vi se calou, parecendo me ouvir,

ainda é muito cedo, bem-te-vi...

Olho a Lua, recém coberta pelo Sol,

num eclipse, lampejo astral erótico,

onde uma estrela cobre um astro,

que antes apenas a iluminava ao longe...

Acolheu-se entre a Terra e o Sol,

num aconchego tão distante de mim,

tão distante de nós...

São os nós da vida que ninguém desata.

Ando a rondar por entre os becos,

procurando coisas escondidas

entre latas e camundongos. Aventureiros?

Sim, sim... sem medo dos perigos.

E não é que cortei o poema ao meio?

Nesse andar tão distraído de rasuras,

aproveitei as fissuras e restaurei

parte de algum poema vencido.

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 21/07/2019
Código do texto: T6701214
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