Descontrole

O peito ferve e num instante se incendeia

espalha por todo lado a fumaça da vingança

o olhar se descontrola e agora mostra que odeia

e todo o resto sai de si e avança

O demônio em minha cabeça sussurra vindo me induzir

machuque, agrida, castigue

sufoque, maldiga, se vingue

e meu sangue para de bombear e no seu lugar a raiva começa a fluir

Cego-me com todos os desgostos

e deixo vir à tona do passado as feridas

esqueço todos os queridos rostos

esqueço todas nossas boas histórias divididas

Já não sou dono das minhas ações

transformo-me em escravo das piores emoções

ignoro as súplicas de minhas razões

e entro no bar das minhas decepções

Embriago-me com as mágoas vividas

e gorfo esse rancor que com o tempo fora acumulado

abro feridas que foram cicatrizadas

e sangro essa minha raiva faminta por todo lado

Liberto ao mundo uma besta cheia de frustrações

afogada em seu descontrole eterno

almejando nessa terra incontáveis perdões

pelos pecados que a levarão ao inferno

O anjo que habita em meu peito grita

detenha, perdoe, compadeça

enquanto minha alma por dentro em sua paz medita

contenha, perdoe, esqueça

Descontrolo-me

praguejo por todos os cantos

controlo-me

enquanto me afogo em prantos

Nessa disputa entre a raiva e a calma

o caos grita e me leva a loucura

cedo ao descontrole total

não há cura

não há cura

era o que estava escrito no laudo final

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 20/07/2019
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