Descontrole
O peito ferve e num instante se incendeia
espalha por todo lado a fumaça da vingança
o olhar se descontrola e agora mostra que odeia
e todo o resto sai de si e avança
O demônio em minha cabeça sussurra vindo me induzir
machuque, agrida, castigue
sufoque, maldiga, se vingue
e meu sangue para de bombear e no seu lugar a raiva começa a fluir
Cego-me com todos os desgostos
e deixo vir à tona do passado as feridas
esqueço todos os queridos rostos
esqueço todas nossas boas histórias divididas
Já não sou dono das minhas ações
transformo-me em escravo das piores emoções
ignoro as súplicas de minhas razões
e entro no bar das minhas decepções
Embriago-me com as mágoas vividas
e gorfo esse rancor que com o tempo fora acumulado
abro feridas que foram cicatrizadas
e sangro essa minha raiva faminta por todo lado
Liberto ao mundo uma besta cheia de frustrações
afogada em seu descontrole eterno
almejando nessa terra incontáveis perdões
pelos pecados que a levarão ao inferno
O anjo que habita em meu peito grita
detenha, perdoe, compadeça
enquanto minha alma por dentro em sua paz medita
contenha, perdoe, esqueça
Descontrolo-me
praguejo por todos os cantos
controlo-me
enquanto me afogo em prantos
Nessa disputa entre a raiva e a calma
o caos grita e me leva a loucura
cedo ao descontrole total
não há cura
não há cura
era o que estava escrito no laudo final