Inspiração
Vai-se lá, longe de mim
Aquela que um dia foi tudo em mim.
Adoeceu e, aos poucos,
A voz que cantava aos meus ouvidos,
Se perdeu. Desapareceu.
E eu vi, do céu, precipitarem-se
Facas e lâminas com profanidades escritas.
Palavras vis que
Cortaram, dilaceraram, contaminaram
A carne da minha mais preciosa;
Minha escolhida.
Foi de mim, para longe, para o fim
Aquela que desenhou
As formas do meu coração,
Que com suas cores pintou,
Preencheu-me e direcionou.
Doce e bela inspiração.
Pergunto-me, por onde andas, amor meu.
Sem ti minha língua anda muda,
Minha boca fechada, meus olhos cegos
Minh'alma um breu.
Em minha mente, o caos reina
Incapaz de expressar a colisão galáctica
Dos meus mundos em guerra.
A dor rubra que corre enfática
Por minhas veias entupidas de veneno.
As visões de um sonho utópico e efêmero
Na escura noite à qual venho
Plantar sementes de amor
Neste meu árido terreno.
Eu digo: volta!
Leva minha alma e refaz meu espírito,
Mas deixa que, outra vez, eu seja instrumento.
Que minhas mãos criem
A beleza que acalma,
E o belo tormento.
Atiça-me com a inconformidade e talento
Inflama a brasa da euforia
E afia meu pensamento
Inspira-me doce e bela Musa
E que seja a minha visão, tua preferida.
A que usas.
Que seja minha a criação
Que arregala os olhos e torna as vozes mudas.