Ópera-fado

Foi Deus que me fez assim:

Sensível, sentimental,

Complicado?

Meus olhos castanhos,

Profundos, questionadores,

Cansados?

Contemplam a lindeza tamanha

Que há na Lisboa Antiga

E em Coimbra,

Cidades que um fado português

Como numa Canoa do Tejo

Traz aos nossos corações.

Na Mouraria,

Um vinho e um fado

Remetem a uma casa portuguesa,

Onde um cacho de uvas,

Uma cortina e um São José de azulejo

Dão saudades de um tempo não vivido.

Um pastor canta,

Um marinheiro contempla

O céu da Mouraria,

Enquanto uma cachopa dança

O vira do tiroliroliro.

Mas fado é ciúme,

Cinzas, queixume...

Confesso que se pudesse

Faria uma ópera.

Não uma ópera bufa, ou ópera lírica,

Nem tampouco uma ópera- rock,

Mas uma ópera-fado,

Pois:

Tudo isso existe, tudo isso é triste,

Tudo isso é fado.