Fado
Percebo que minha vida é um fado
Quando fico pelos cantos
Tentando ocultar o pranto
Do meu sofrer calado.
E se sofro, canto,
Arrebatado pela beleza
Da canção que liberta
O sentimento escondido,
O sofrimento velado,
A dor contida
Do peito cansado.
A nota alta da canção
É o grito não dado,
Paralisado no coração que sangra.
(Coração ingrato,
que não gosta de mim!
Por que me fazes sofrer assim?)
Dizem que meus olhos
Marejam sempre,
Quer estejam alegres,
Quer tristes...
São olhos de fadista,
De tristezas imensas,
De profundo desgosto,
Camuflado em acordes
De beleza divinal
Que alegram os corações alheios
Aprofundando o punhal
No meu próprio coração!