PERIGRINAÇÃO

Em tempo de meditar
ela sentou-se bem ali
em seu lugar preferido
naquela hora do dia
até a lua, descuidada
venho lhe visitar
como podia a lua ali estar?
afinal o relógio marcava meio dia

Tentou não admirar a lua
brilhando no alto do firmamento
ancorada sobre as nuvens macias.
Voltou-se para o seu céu interior
nele não havia luar, ou estrelas
só nuvens, que naquele momento
pintavam-se de tons de gris
ver-se assim, ela não quis

Venceu seus medos, e embrenhou-se
para além do infinito de sua essência
ali encontrou alguma cor, um rosa pálido
talvez fosse essa a cor, de sua carência
ou seria, quem sabe, o tom de toda ausência
experimentada pelos caminhos da existência?

Em poucos minutos mergulhou
em um poço profundo
percebeu-se tantas
chorou por umas,
alegrou-se por outras

De repente, viu-se carregada
pela furia de um vento vindo do sul
não ofereceu resistência, deixou-se ir
assim, a ventania levou-a direto
ao centro do seu norte
então, ela reconheceu
o quanto tivera sorte

Voltou enfim do transe
apoderou-se de si mesma
ou seria o contrário?
nada soube responder
no inesperado sentir
daquele horário



Imagem: Lenapena
Lenapena
Enviado por Lenapena em 09/04/2019
Reeditado em 09/04/2019
Código do texto: T6619209
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