DIAS NUBLADOS

Da janela eu vejo

um sol lá fora,

ardo aqui dentro.

Remexo os meus sóis

de renúncias,revejo

os anúncios dos jornais.

Recortes,bobagens...

Fotos em preto e branco,

fatos e morte, sem sóis.

Madrugadas sem fim,sem

moradas.Lápides de amores.

Flores de plástico sem perfume,

lapidadas por máquinas.

Quero o aroma das manhãs,

das borboletas bailando

um céu sem memórias,

sem saber que me encantam.

Quero molhar os meus pés

nas noites de estrelas reticentes,

sem pontuações anunciadas,

sem interrogações penduradas.

"Ser",sem respostas,sem dúvida

um ser pensante,que sente...

E sentindo, esbarra na canção

do vento sibilante,quase inconsequente.

Quase sinfonia perfeita dos pares,que

se fizeram...ímpares.

Sou um "par" sozinho.

Sem asa e sem ninho.

Sou apenas um sol,

que não aprendeu ainda,

A arder sem dor.

Luciane Lopes
Enviado por Luciane Lopes em 21/09/2007
Código do texto: T661661
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