DIAS NUBLADOS
Da janela eu vejo
um sol lá fora,
ardo aqui dentro.
Remexo os meus sóis
de renúncias,revejo
os anúncios dos jornais.
Recortes,bobagens...
Fotos em preto e branco,
fatos e morte, sem sóis.
Madrugadas sem fim,sem
moradas.Lápides de amores.
Flores de plástico sem perfume,
lapidadas por máquinas.
Quero o aroma das manhãs,
das borboletas bailando
um céu sem memórias,
sem saber que me encantam.
Quero molhar os meus pés
nas noites de estrelas reticentes,
sem pontuações anunciadas,
sem interrogações penduradas.
"Ser",sem respostas,sem dúvida
um ser pensante,que sente...
E sentindo, esbarra na canção
do vento sibilante,quase inconsequente.
Quase sinfonia perfeita dos pares,que
se fizeram...ímpares.
Sou um "par" sozinho.
Sem asa e sem ninho.
Sou apenas um sol,
que não aprendeu ainda,
A arder sem dor.