As obras que me constroem?
Nas madrugadas silenciosas
embriago-me de Bukowski
e quando chegam as manhã vagarosas
vomito Leminski
Cansado, acordo Adoniran Barbosa
dando a tristeza bom dia
e vou cantando Noel Rosa
fazendo de hino sua Filosofia
Durantes as tardes sou Cartola, preciso me encontrar
vagando como Di Melo nessa cruel Conformópolis
mas ela não pode me derrubar, já disse Belchior
você sabe bem: conheço meu lugar!
Nesses dias frios, procuro um bom lugar pra ler um livro
me esquentando com aquele amor que arde sem se ver
Ouvindo Djavan, lendo camões, assim do caos me livro
até a noite estrelada, como no quadro, aparecer
E quando a escuridão noturna começa a se completar
observo a Estrela miúda que alumia terra e mar
a estrela que Elba ramalho soube me cantar
a estrela que sempre vem me inspirar
E deitado
vago,
me indago,
me confundo
eu construo obras ou são elas que me constroem?
eu escrevo poesias ou elas que me escrevem?
E agora Rodrigo?
e agora, você?
Agora?
Agora volto a me embriagar de Bukowski
dando uns tragos de Drummond
até que de manhã eu volte gorfar Leminski