GEOMETRIA DO IMPOSSÍVEL
Juliana Valis




Ligo pontos concretos como versos sem fim,

Meu coração é pirâmide em sonhos simples e sós,

E todo trecho da alma que flui sempre em mim

Perde-se apenas no tempo, em labirintos de nós...




E toda angústia dilui-se em triângulos lentos,

Retângulos lídimos de versos sem calma,

Assim, dispersos, nos ângulos de tantos momentos

Que os prantos transbordam no limiar de uma alma...




Ah, mar geométrico de mesmices ingratas,

No ar, já flutua cada réquiem de mim,

No perímetro exato das emoções inexatas,

A tristeza não mede seu começo nem fim !




E, assim, meu afeto faz trapézios de dor,

Em pérfidos círculos de sentimentos loquazes,

Além de céleres ventos, queria apenas amor,

No epicentro da alma, entre luzes e pazes...




Mas tão impreciso e estúpido ainda é meu grito,

Que mal calculei o diâmetro que a emoção faz aqui,

E o coração, como ápice de uma pirâmide no Egito,

Transcende essa lágrima do tempo que ri...




Eis, portanto, o que sou: enigma apenas,

Entre penas que unem poliedros de mim,

Sentimentos em cubos de letras pequenas,

Esferas dos versos em mundos sem fim.



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