ENQUANTO EU VIVER...

A tarde, as nuvens, ovento,
O impreciso movimento,
O meu olhar nublado,
Meu pensamento fragmentado,
A divagação...

A dimensão da vida,
O caminho de ida,
A despedida, a dor,
Soberana a transpor,
A alma, o coração.

A poética estranheza,
A bucólica tristeza,
De Cesário,
O urbano itinerário,
O afã de estar noutra dimensão.

Afã de me desligar,
Não pensar em nada, só esperar,
A paisagem escurecer,
De ser noite, pertencer,
À notívaga condição.

Mas, a inquietude prevalece,
A tarde se estabelece,
Parece não querer ir embora,
Todo contexto colabora,
Para a ausência da razão.

O horizonte escondido,
A procura do sentido,
O saber que é vã a procura,
Que enquanto eu viver; serei moldura,
Da imponderável interrogação.