Até que não dure mais
Gentilmente durma,
Manterei-me acordado
Até que o efeito
Deste esporádico sentimento
Seja uma parte de ti
E escassez de mim.
Não peça que
Dure para sempre,
Você irá amadurecer
E envolver-se em
Todas as tonalidades
De um profundo lamento
Após perceber que
A eternidade não possui
O mesmo gosto do efêmero.
E esse será o fim de você,
O começo de alguém em que
Olharei através de
Sua transparência e
Habilidade de estar
Em constante ausência,
Perdida em multidões.
Enquanto encaramos
As linhas e pontos do céu
Até que este seja
Mais uma ruína
Memorável ao passar
Das fases apressadas
De metamorfoses
E transformações temporais.
Até que nada seja divertido,
Até que nada valha a pena,
Até que nada nos una,
Até que nada arranque sorrisos,
Até que nada se torne letras em versos.
Estaremos à milhões de anos luz
De distância no universo
Em que ficaremos a deriva
Em constelações diferentes,
Mas por agora, brilhemos juntos.
Seremos pessoas diferentes
De sentimentos iguais,
Estranhos que descobriram
Todos os segredos do mundo
Em horas de compartilhada solitude.
Realizaremos nossos sonhos
Ou viveremos em desilusão
Em não saber abrir mão deles?
Uma questão desconfortante
Que quebra a inércia
De estáticos pensamentos.
Você ainda terá
Esse seu sorriso sem graça
Escondendo sua timidez?
Ainda serei um personagem
De uma peça de atípica tragédia,
Apresentando-me dia após dia
A uma plateia muda
Que não retribuí minha dor encenada?
Ainda escreverei sobre nós,
Disso eu tenho certeza.
Irei tentar ao máximo
Implementar-te em cada
Aspecto de felicidade,
Serei um andarilho
Pelas terras do passado.
Fico em arrepios
Ao ver-te em sua
Intocável inconsciência,
Ao seu despertar
Vamos aproveitar cada segundo
Até não sobre mais
Em cada restante de nós.
O que será uma breve
Correnteza de volúpias,
Será um para sempre
Verdadeiro e concreto
Memorizado para cada
Minuto passado em que
Viveremos nossos futuros distintos.