ONDE HAVERÁ ?
Juliana Valis



Falta-me o soturno véu das circunstâncias,

Meu céu é ápice de uma aurora em profusão,

Agora, em alma, além das discrepâncias

E dos delírios que, sem calma, já se vão...




Onde, então, haverá preciso escudo

Contra o martírio do caos, de toda dor ?

Talvez o verso ainda sonhe, mas tão mudo,

Que o coração se faz disperso, assim, no amor...



Não, não procure qualquer lógica emocional,

Sobretudo nas assimetrias hiperbólicas da ilusão !

Quantos dias já flutuam, bem ou mal,

Pelos labirintos das paixões que já se vão ?



Ah, corações, não se prendam à efemeridade

Da matéria, do suor, do que nos traz

As algemas que nos prendem à saudade,

Desejo é cíclico, enquanto a alma pede paz.