Mais profundo ao vazio

Tudo de volta ao seu lugar,

Lucidez estabelecida,

Quietude instável,

Paz em permanência

Numa hostil nuance

Das tonalidades de pensamentos.

Por um momento,

Por um triz,

Seria mais uma

Parte da normalidade

Esses minutos de

Silêncio nocivo.

Despede-se o resto

De empatia pela

Nostalgia que

Prende-me às

Vontades de sentí-la

Mais uma breve vez.

O frio inofensivo

Junto à névoa que

Cobre-me e cerca-me

Traz-me a sensação

De um temporário lar.

O eco de cada som que emito

Fica gradativamente

Ausente em minha audição,

Afirma minha preocupação

De que estou próximo

À total surdez

De minhas ações.

Embriagando-me

Em doses de dualidade,

A sobriedade parte de mim

Como folhas secas

Ao vento de outono.

Não falo mais

Da maneira a qual

Costumava dizer,

Pelo fato de que

Já não faz parte

Do definitivo agora

As velhas inseguranças

De que nunca iriam sarar

As feridas de erros

Involuntariamente cometidos.

Se fosse uma escolha,

Jamais iria querer que

Fosse possível reconhecer

Cada linha, traço

E mancha do reflexo

De tudo não feito.

Pego-me perguntando

Todas as questões

As quais tenho o conhecimento

De nenhum jeito saber

Suas verdadeiras respostas.

Vicariamente,

Espero a tontura passar,

Começar a ver

Cada imagem de maneira

Que meus olhos

Desejam vislumbrar.

A promessa de conforto

Após incontáveis eternidades

De flageladas autodúvidas

Fica cada vez mais perto

De ser mais uma mentira

Acreditada em minha

Inocência infantil.

O tempo congela-se,

O mundo para,

Os sons são interrompidos,

E é como estar

Afogando em uma

Intocável profundidade

De um infinito e solitário mar.

Clima em estática,

Nuvens carregadas

De lágrimas não choradas

Ameaçam desencadear

Uma tempestade de aflições.

Em antecipação

Preparo-me para

Ser levado pelas

Palavras que

Em mim mantenho

Em confidencial segredo.

Orando para qualquer

Faísca de esperança

Para que, assim como

Efêmeros arrependimentos,

Em um próximo novo dia

Isso vá tudo embora

Para ser mais uma

Enterrada lembrança.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 17/02/2019
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