## DEPOIS DO SILÊNCIO ##

Eu, que tanto silêncio pedi

e tanto tempo perdi,

insana angústia de ter a mim

entre placas de concreto branco.

Agora me cobram, espremem,

cômodos se fecham, ar pesado.

Zumbido forte nos ouvidos

de quem se recusa a falar.

Falar é faca afiada, corta tripas e pele.

Descamo sem vontade de cama,

Intimação, não tenho respostas,

meus dedos estão também em riste.

É fato, estou triste.

Fiquei sem jeito diante de mim,

quantas incertezas em fala altiva.

Silêncio forte soprou o barco à deriva.

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 09/02/2019
Código do texto: T6570792
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