Mefisto

Esse é meu rascunho,

Uma solidão intrigante,

Que me acompanha dia a dia,

Mesmo em meio às gentes, que

Nada acrescentam ao vazio,

Externo, interno, errante, meu.

Quisera eu me ver cercado,

De verdades amigas, pulsantes,

De amigos presentes, vibrantes,

De sonhos tantos, alimentados a fio,

Com cerveja, devaneios, bloqueios.

Eis que se faz aqui uma luz,

Estrelas cortantes de um negro azul,

Como pétalas esvoaçantes, amantes,

Cabelos ao vento, beijos ao luar.

Brindemos o tempo, nosso algoz e mentor,

Que dor, ameniza o viver,

Sem saber, sempre aflito,

A buscar um delito, um atrito,

Um entra e sai de prazer,

Um querer masturbado,

Um alguém renovado, abstrato.

Luzes que brilham sem cessar,

Amor que paira sobre mim, sem estar,

Bebendo com gelo um olhar, seu ou meu.