Cinquenta e um anos na praça
Cinquenta e um anos, breve passa
Cresceram as árvores
Vieram os netos
E eu, esperando na praça
O show nunca visto
De poesias em meio a ruídos
Dos aplausos enclausurados no tempo
Soando agora como estampidos
Em uníssono, como éco
Das ondas dos mares corrompidos
Gerações dormem em bancos de praça
Heróis da sobrevivência, inspirações baratas
O tempo corrói, feito traça
Constrói buracos negros que marginalizam
Cinquenta e um tons de cinza
Para a geração de hoje é historia de cinema
Para a minha geração seria o nome de poema
Vivendo em meio a restrições e dilemas
De pais austeros e governos corruptos
Crescemos pagando indultos
O grito estagnado gerando dores
Trazendo relações fugidias, carregadas de dissabores
Caminho no tempo, nas praças da vida
Na jornada percorrida, sem poesia ou prosa
Nos filhos das separações
Nos sonhos recheados de ilusões
Cinquenta e um anos, eu cheia de graça
Cheia de versos e verosimilhanças
Como quando era criança
Esperando os aplausos da vida
Da platéia aqui reunida
Da minha história até hoje vivida
Não em um banco qualquer
Mas na praça por mim escolhida
Deste palco chamado vida