Geleira
Na defesa de nossas posições
O calor das nossas paixões
Sinto um movimento interno
Seria final de inverno
Uma Estação, um estado passageiro?
Ou um sinal de algum mensageiro
Avisando de um estado permanente
Alertando para o que é iminente
Começo a reparar nas trincas
Dizem que tem coisas que não se brinca
Pois talvez não tenham conserto
Não resolve cola nem enxerto
Escuto estalos
A unidade sofrendo um abalo
Uma certeza se desprendendo
Um grito de não me arrependo
Para tentar me convencer um pouco
Que o erro não é meu, é do outro
E me balança o que é importante
E titubeio um instante
Vendo se desprender um pedaço
Orgulhoso, cruzo os braços
Como quem diz que não fará falta
Escracho com luzes da ribalta
E o oceano salgado passa a ter propriedade
Está sendo liquidada a sociedade
Mas antes de me apontar o dedo
Pegue o espelho, perca o medo
Lembro que o silêncio não transfere responsabilidade
Sobre o muro você faz parte de uma metade
Dizer que não tem lado
É empoderar o malvado
Não que isto me abone
Nem que a culpa me abandone
Mas não é comigo, é geral
Mas tem quem duvide do aquecimento global.