Pó suspenso ao vento
Escrito em 8/10
O pó no chão que sufoca meus pensamentos
Meu braço deitado, repousado eu lamento
Lamento por não lamentar e sim deitar
Em profunda respiração de impróprio ar
Eu fico em meu quarto todos os dias e anos
Enquanto o vento se balança e eu profano
Puro é o ar fora do meu empoeirado aposento
Sujo sou eu, não purificado pelo vento, nojento
Mas se ponho tal reflexão numa folha e
Se abro meus horizontes tão privados, que
Adianta ser imóvel e volátil aqui
Não correndo ao passo das memórias que vi?
Adianta, só que somente ao meu mesmo ser
Que assim como o pó suspenso em meu alcácer
Seremos varridos, não só ambos, mas os leitores
Pelo solto vento a nos polinizar às flores