INSUFICIENTES PALAVRAS
Minhas palavras parecem ser insuficientes para esse mundo,
pois não me ensinaram a norma culta perfeita deste universo
Sou avessa, quase analfabeta
Não conjugo os verbos em seus devidos tempos
E na maioria das vezes, minhas concordâncias não concordam muito bem entre si
Por vezes, julgo falar, quiçá, outra língua
Ainda pendente de Aurélio e registros
Talvez, a questão não seja apenas das palavras
E sim, das ideias em suas expressões
O que conjuga em si um problema ainda maior
Me atolo neste território pitoresco
Às vezes pareço boba, atrapalhada, desritmada, sem nexo
Posso até encantar com algumas rimas perfeitas
De uma ou duas poesias perdidas
De três ou quatro frases elaboradas
Mas na vida...
Não sei nem ‘meia dúzia’ de algumas palavras exatas
Utopia tentar juntá-las em expressões que façam algum sentido
Menina, mimada
Palavreado, menino
Me esforço
Rascunho deveras suas formas
Descarto-as, recomeço, reescrevo
Por vezes, sem nenhum sucesso
Formulo-as
Mas no fundo, são apenas algumas fábulas
Fagulhas de contos controversos
Então, cedo
Percebo
E humildemente atesto:
Minhas palavras ainda são insuficientes para esse universo
Fernanda A. Fernandes
09/12/2018