vida que me sobra
Cumpri demais do que pude
acendi
apaguei fogos
lutei
queimando os braços
ganhei p'lo que fiz e faço
a paga do desamparo
suportei todas as dores
e ignorei os prazeres
...
os loucos e os pobres
deixam-se ficar
especados á porta
na esperança desesperada
de uma esmola
...
enfim, o nada me valha!
não mais necessária,
poeira ignorada
na estrada que se pisa,
basto-me a mim mesma
em fome, ignorância.
do nada retiro a força
para caminhar ainda
que me resta?!
a loucura da escrita
inqualificada?
ser mulher, ser!
me supera.
paixão ignorada!
perdem-se os olhares
alheios ao que
no a dia a dia se passa
que faço na terra
com o resto da vida?
não acredito
na ditosa vida
de martirizada
masoquista
já que sofri toda a vida
que lute e que morra
por justa causa!