Fazer minha a liberdade

Sou livre!

Tão livre

como um vento quieto,

um mar de calmaria,

um pardal ferido à fisga,

um pássaro de asas cortadas!

O meu pensamento é que voa!

Não me aquieto nunca,

sou e vou

ligeireza,

sou e vou

de busca em busca:

Tanta, tanta pergunta!

Vou na mata cerrada

atrás de uma borboleta

ora sigo-a, ora perco-a

ela, seguindo o perfume que a chama

e eu, cega, na erva

tropeço, enleio-me confusa

mas desistir... não, nunca!

Por mais que doa!

Há uma asa qualquer

que dentro de mim se agita

e me impele e me grita

voa!