UM SEGUNDO
A muito custo me desvencilhei por um segundo
Só um segundo dentro de mim
Sem a força monstruosa que me traga
Que me esfacela a alma
Que me abre a palma
E me escorre entre os dedos
A muito custo me dei um segundo
Só um segundo dentro de mim
Sem furacões nem enchentes
Sem eloquencias patéticas e dementes
O mundo é tão estranho...
Recorta os dedos da gente
Tira o tato,
O hálito,
O olho...
O mundo mata,
O mundo mente...
A muito custo outra vez me pus dormente
Sem sons tilintantes e estridentes
A muito custo arrisquei um escrito
Mas não me engano pois é tarde
Volto ao mudo grito...