O MEU ESPELHO
Tenho um espelho onde me revejo todos os dias,
Umas vezes tenho a sensação de que não sou eu,
Outras vejo alguém que deixou de ser um jovem
Que eu conheci há muitos anos, meus enganos.
Vejo um rosto marcado pelos anos que passaram,
Com rugas das amarguras, alguns cabelos brancos,
Olheiras fundas cansadas de assistir a espectáculos,
Pele enrugada pelo calor das queimadas africanas
Outras vezes a imagem aparece rejuvenescida,
Dum jovem de olhos expressivos e sedutores,
Sorriso confiante no sucesso duma bela vida,
Por quem atraentes mulheres se apaixonavam.
É um tempo longínquo que se perde na memória
Guardada no baú das minhas boas recordações,
Invejado e mal desejado que ousara enfrentar
Gente da pior índole que o quisera prejudicar.
Confuso me acho, não sei quem é o verdadeiro
Personagem que me aparece no meu espelho,
Se sou eu de hoje ou de ontem, descodificarei
O enigma pra me deitar e dormir mais tranquilo.
Ruy Serrano - 21.11.2018