ATÉ QUE OS ANJOS DIGAM AMÉM
Sou folha verde e depois de seca voa e cai ao chão
Nada fiz por conveniência, nada quero por obediência.
Sou livro aberto escrito e espalhado em todas as páginas
livre na garganta inflamada de palavras certas.
Sem apego a estrelismo e agarrado no que deva ser análogo
Sou verbo contrário conjugado em toda pessoa do que não pode ser
Sou caldo do rescaldo naquilo que Cristo sempre acreditou
Sou asas num voo quase solitário do sonho que você sonhou.
Sansão de forças espalhadas na fraqueza do desinformado
Sou buraco negro de prontidão na esquina esperando o sinal abrir
Na espreita do primeiro passo falso
e pelas comportas fazê-lo sumir.
Sou cipó que se dobra na hora da ventania
Sou normal na posição original depois da calmaria
Vim, estou e vou, mas eternamente sou.
Até que os anjos digam amém.