O FORNO

Um dia, havia um velho fogão,

que não era bom para cozinhar.

Mas tinha o forno perfeito, era só usar.

Ele não serviu, por não ser belo o suficiente.

Não era possível mantê-lo, pois não compunha o ambiente.

Dado a uma pessoa, serviu a alguém que mais precisava.

Parecia que, por aquele presente, ela esperava.

Usava-se o outro forno,

que, do fogão a lenha, esquentava.

Não era tão rápido quanto o outro,

mesmo, assim, funcionava.

Surgiu uma nova chance,

quando a filha, de um fogão, novo, precisou.

Era a oportunidade de usar o fogão antigo,

que ela dispensou.

Levado para o local,

onde haveria de ser usado.

De tão feio que era,

também foi descartado.

Dado a outra pessoa,

que mais dele precisava,

limpo e manutenido,

agora, podia até ser vendido.

Surge, então, a ideia, de um forno novo comprar.

Tudo o que se precisava era de em acordo entrar.

No silêncio de um acesso, na internet, ele estava lá.

Era só escolher e os dados digitar.

Com um cartão de crédito, tudo estava a alcançar.

A esposa se aproxima e sem com ela falar,

compra-se o forno e o problema só está a começar.

Nunca vi tanta rapidez,

numa entrega a efetuar.

O forno chegou dois dias,

depois de pagar.

A sogra viu o forno e nada se pôs a comentar.

Apenas guardou a informação,

para, no momento certo, divulgar.

Foi tão rápida a atitude dela, que não deu tempo de comunicar.

A esposa, agora, traída, com um forno no carro, pôs-se a questionar:

qual o motivo de seu marido, na calada de um ato, sem qualquer acordo, aquele objeto, ali guardar.

Não teve nem chance o coitado,

apesar do erro que cometeu.

Foi bombardeado por palavras,

que seu cérebro quase derreteu.

Vencida a fase do convencimento,

da necessidade do forno adquirir,

a esposa calma, mas chateada, começa, então, a inquirir:

onde ficará esse forno, cuja compra não participei?

De tão grande que é, onde ficará eu não sei.

Dada essa resposta, entendi que o problema estava sendo tratado.

Quando o desembrulhei, vi que estava enganado.

O bendito do forno só funcionava a gás natural.

Era preciso uma transformação, para o chamado gás, que é normal.

Nem me dei conta de que assim devia agir.

Toquei fogo no forno e aguardei assar.

Pus nele um pernil inteiro e muitos pães de queijo para dourar.

Enquanto esperava, o desespero veio me acompanhar.

Era tanta fumaça preta e uma chama amarela de matar.

Não funciona no gás de botijão o que para gás natural está.

Liguei para o fabricante, ele se pôs a falar:

por ter usado o gás errado, a sua garantia está a voar.

É possível fazer uma adaptação,

que dinheiro irá custar.

Além disso, um tempo se deve esperar,

pois o tal kit adaptador iria demorar.

Compro, então, uma pecinha, que injeta o GLP.

Mesmo assim não funciona, pus-me a derreter.

Coração e mente juntos,

corroendo minha emoção.

O diabo que me deu a ideia, tirou de mim a razão.

Muitos telefonemas depois,

um cara eu encontrei.

Era preciso trocar o registro,

o que fiz e gostei.

Parece que o tal forno, agora, funcionando está.

Foi tanta decepção, que encostado ficará.

Apenas faço um alerta,

para todo mundo entender.

Se quer fazer alguma,

é preciso ceder.

Divida o seu pensamento,

com quem com você está.

Aceite a opinião do outro,

não queira teimar.

Se tivesse conversado e tentado convencer,

de tão linda que ela é, iria entender.

Mas quis ser o bonzão e arrependido estou.

O forno tão querido o meu sonho queimou.

Agora, lá na mesa, no meio da cozinha está.

É preciso armário embutido, para ele encaixar.

Vou providenciar e mais dinheiro gastar.

Não precisava tudo isso, se tivesse escutado, o meu amor a falar.

Fica, aqui, a dica:

não tente me imitar.

Entre em acordo com seu cônjuge,

para, depois, não reclamar.