SEM VEXAME

SEM VEXAME

Marília L. Paixão

Quem disse que a poesia precisa ser bordada em lenço de ouro e absorvida por um canudinho de prata? Ninguém disse! Mas pensar, ora ou outra, pensamos. Até que descobrimos que a poesia pode ser feita com pedra, areia e arame. Pegamos os substantivos bonitos e pensamos: que se danem! Queremos mais é que o rio de sangue que percorre nossos braços se transforme em letras sem vexame. Assim como ela pode retratar a alegria, só será confortante se também souber mostrar o ser em chamas. Este não reconhece o ouro, não reconhece a prata. Neste estado, qualquer dor mata.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 12/09/2007
Código do texto: T649676
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