SEM VEXAME
SEM VEXAME
Marília L. Paixão
Quem disse que a poesia precisa ser bordada em lenço de ouro e absorvida por um canudinho de prata? Ninguém disse! Mas pensar, ora ou outra, pensamos. Até que descobrimos que a poesia pode ser feita com pedra, areia e arame. Pegamos os substantivos bonitos e pensamos: que se danem! Queremos mais é que o rio de sangue que percorre nossos braços se transforme em letras sem vexame. Assim como ela pode retratar a alegria, só será confortante se também souber mostrar o ser em chamas. Este não reconhece o ouro, não reconhece a prata. Neste estado, qualquer dor mata.