O poeta II

O poeta tem algo de cético, depressivo, debochado.

De outra forma, como leria a vida além dos viventes?

Se toda matéria é material para a escrita,

nada mais natural do que vivê-la em suas dores mais sentidas.

O poeta tem algo de crédulo, fantasioso e fantástico.

Tem um ego gigantesco por, inconscientemente,

manifestar o dom de Deus ao manipular o verbo.

Tal responsabilidade não poderia ficar impune e, por isso,

submete-se tanto ao esplendor quanto a obscuridade, ao aplauso e a vaia.

Há poetas ricos e pobres, reconhecidos e anônimos e, ainda assim, poetas. Encarnações das verdades secretas,

que jazem no recôndito de janelas semi abertas.

Rose Paz
Enviado por Rose Paz em 06/11/2018
Reeditado em 10/11/2018
Código do texto: T6496271
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