O poeta II
O poeta tem algo de cético, depressivo, debochado.
De outra forma, como leria a vida além dos viventes?
Se toda matéria é material para a escrita,
nada mais natural do que vivê-la em suas dores mais sentidas.
O poeta tem algo de crédulo, fantasioso e fantástico.
Tem um ego gigantesco por, inconscientemente,
manifestar o dom de Deus ao manipular o verbo.
Tal responsabilidade não poderia ficar impune e, por isso,
submete-se tanto ao esplendor quanto a obscuridade, ao aplauso e a vaia.
Há poetas ricos e pobres, reconhecidos e anônimos e, ainda assim, poetas. Encarnações das verdades secretas,
que jazem no recôndito de janelas semi abertas.