Tabuleiro

O vento gélido bate na pele

Congela até a alma

O sangue se empedra

A maldição se concretiza

Sempre é inverno

Não existe calma

Vida só concreta

Morte a poetisa

Num ritmo agonizante e feroz

Se aproxima o algoz

Chega a punição

Vem com o seu machado

Todo ensanguentado

Foi-se a visão

E vem o escuro eterno

O nada

Absolutamente nada

Acabou-se a estrada

Chega o final

Que é como leite materno

Protege feito espada

É a companhia amada

Tão idolatrada

O verdadeiro sinal

De que o além existe

Na molécula que persiste

Em uma nova percepção

Que mantém o ciclo infinito

Como a queda d'água no granito

Moldando uma nova geração

Jorge Machado
Enviado por Jorge Machado em 06/11/2018
Código do texto: T6495927
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