COPO D'ÁGUA
Recostado em meu cadeirão,
Tenho, entre mãos que não param
Meu copo de fino cristal talhado.
De tempo em tempo,
Golpei-o suavemente com os dedos
Para verificar sua leveza,
Escutar seu fino canto,
Que presenteia o ouvido extasiado
Mas não é essa só sua beleza,
Olho, cada talha do cinzel mestre
Que o foi embelezando,
Que o fez jóia deslumbrante
Para uma mirada alucinada.
E sabem que tenho eu em meu copo?
Água, só água cristalina.
Só água cristalina?
Não, o símbolo da pureza
Da visão de vida inteira.
Bebo-o, gole a gole,
Paladar em pleno êxtase
Sentindo que com ele
Estou voltando aos princípios,
Quando me fizeram novo.
Esse copo em sua fermosura
Contém a essência transparente,
O símbolo enorme, indiscutível
Da existência que em sua marcha
Não se perde por caminhos mau traçados.
Nossa vida, esse copo tilitante
Que se faz admiração, orgulho,
Que nos foi presenteado com um fim,
Só será, se o queremos,
Estandarte de exemplo transparente.