E se eu achar que mereço mais?
O que tenho não me basta,
mas não sei o que falta,
me perguntam e o pensamento se afasta,
Todas as dúvidas seguem em alta,
silenciosas, mas tão sonoras
não escapam como as ideias,
que fazem tão pouco barulho.
Sigo esperando por ser mais capaz,
E se eu achar que mereço mais,
porém, já recebi tudo o que tinha?
Será muita expectativa?
Será pouca ação?
E se eu merecer menos?
Se eu estiver ganhando mais?
Devo apenas agradecer,
ou também devolver?
O que é que me cega?
O que é que me deslumbra?
Acho que pouco me impressiona,
menos ainda surpreende.
Talvez seja isso, falta surpresa,
muito se coloca à mesa,
pouco no que importa.
É um fardo que entorta,
carrego com pouca destreza.
O que há de mal em querer mais?
Quando se há pouco a oferecer a quem em pouco se interessa
a dificuldade é essa.
O que falar das diferenças?
São tantas que é de afugentar,
Há quem diga pra celebrar,
mas como superar as desavenças?
Essas que por sorte só na mente habitam,
eu guardo por medo do meu exagero.
Guardar não é bom, mas assim eu protejo
quem eu quero por perto,
quem não me faz mal.
Mas quem me proteje do que está dentro?
E se eu achar que mereço menos de mim?
Um descanso como o que eu dou aos outros?
Por quase não suportar tudo o que penso.
Como entregar sem ser peso?
Afinal quem merece, quem mereço?