E se eu achar que mereço mais?

O que tenho não me basta,

mas não sei o que falta,

me perguntam e o pensamento se afasta,

Todas as dúvidas seguem em alta,

silenciosas, mas tão sonoras

não escapam como as ideias,

que fazem tão pouco barulho.

Sigo esperando por ser mais capaz,

E se eu achar que mereço mais,

porém, já recebi tudo o que tinha?

Será muita expectativa?

Será pouca ação?

E se eu merecer menos?

Se eu estiver ganhando mais?

Devo apenas agradecer,

ou também devolver?

O que é que me cega?

O que é que me deslumbra?

Acho que pouco me impressiona,

menos ainda surpreende.

Talvez seja isso, falta surpresa,

muito se coloca à mesa,

pouco no que importa.

É um fardo que entorta,

carrego com pouca destreza.

O que há de mal em querer mais?

Quando se há pouco a oferecer a quem em pouco se interessa

a dificuldade é essa.

O que falar das diferenças?

São tantas que é de afugentar,

Há quem diga pra celebrar,

mas como superar as desavenças?

Essas que por sorte só na mente habitam,

eu guardo por medo do meu exagero.

Guardar não é bom, mas assim eu protejo

quem eu quero por perto,

quem não me faz mal.

Mas quem me proteje do que está dentro?

E se eu achar que mereço menos de mim?

Um descanso como o que eu dou aos outros?

Por quase não suportar tudo o que penso.

Como entregar sem ser peso?

Afinal quem merece, quem mereço?

Lívia Helena Rodrigues
Enviado por Lívia Helena Rodrigues em 26/09/2018
Código do texto: T6459887
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