Eu não me basto
Eu não me basto
Ainda preciso ver o nascer e o pôr do sol
Sentir o cheiro de café passado pelas manhãs
Abraçar meus ofícios que me remuneram
Eu não me basto
Ainda preciso subir na minha moto
E meter o pé na estrada
Até chegar nalgum lugar que ainda não experimentei
Preciso atingir o cume de uma montanha e ver a vida e o mundo de cima
Expandir e atingir novos patamares de consciência
Sentir o perfume das flores, tomar banho de cachoeira
Descansar na sombra de uma árvore e ouvir os pássaros cantar
Preciso orar a Deus, a Jesus, aos Caboclos da mata e ao meu guia espiritual
Eu não me basto
Ainda preciso amar uma mulher ao ler Neruda e Vinícius
Questionar a vida nos versos de Drummond e Pessoa
E chorar minhas mágoas nas canções de Buarque, Milton, Belchior, Cazuza
Eu não me basto
Ainda preciso de certos olhos verdes descansando nos meus
Do beijo daquela boca da Nasa que me deixa orbitando no espaço
E daquele corpo em forma de poema impresso na minha pele
É...eu não me basto
Simplesmente