Eu não me basto

Eu não me basto

Ainda preciso ver o nascer e o pôr do sol

Sentir o cheiro de café passado pelas manhãs

Abraçar meus ofícios que me remuneram

Eu não me basto

Ainda preciso subir na minha moto

E meter o pé na estrada

Até chegar nalgum lugar que ainda não experimentei

Preciso atingir o cume de uma montanha e ver a vida e o mundo de cima

Expandir e atingir novos patamares de consciência

Sentir o perfume das flores, tomar banho de cachoeira

Descansar na sombra de uma árvore e ouvir os pássaros cantar

Preciso orar a Deus, a Jesus, aos Caboclos da mata e ao meu guia espiritual

Eu não me basto

Ainda preciso amar uma mulher ao ler Neruda e Vinícius

Questionar a vida nos versos de Drummond e Pessoa

E chorar minhas mágoas nas canções de Buarque, Milton, Belchior, Cazuza

Eu não me basto

Ainda preciso de certos olhos verdes descansando nos meus

Do beijo daquela boca da Nasa que me deixa orbitando no espaço

E daquele corpo em forma de poema impresso na minha pele

É...eu não me basto

Simplesmente

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 10/09/2018
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