Entre o Café e a Bancada
são apenas três da madrugada,
esgoto cada gota, cada palavra,
mas não consigo pensar em nada,
apoio os cotovelos sobre a mesa,
e coloco as mãos na cabeça,
entâo penso,
novamente não tenho sono,
derramo em minha garganta um morno café que me encarava,
derramo cada gota, cada palavra,
com o caderno em cima da bancada,
o céu não chovia nem estrelava
crio cada gota, cada palavra
os paralelos em minha mente sussurravam,
bebia o café que acabou escorrendo no queixo,
perco cada gota, cada palavra,
não tenho nada a ensinar,
o café que era morno, acabou frio,
ficou frio cada gota, cada palavra,
coração de pedra desgastado pelas ondas,
poderia virar um artefato na borda da bancada,
gota vira onda, pedra é palavra.