GAP MUNDO
Nosso tempo se repete.
Obtuso e exaurido...
Assustado e corrompido.
O todo é disfarçado.
O amor só encenado.
O discurso é bem vazio
O futuro arredio.
A fé ora em falácia
Onde Deus sequer lá passa...
O campo sem perspectiva
A farça toda aguerrida,
Onde a lua faz eclipse
Pelo sol em apocalipse!
Passarinho voa trôpego
Com a queimada no seu rosto
Seu cantar já é bem rouco.
O "outro" é só instrumento.
Miséria, entretenimento.
A bondade é montada
Compra só a vã desgraça.
A vaidade é doença,
A fala só maledicência.
A arrogância é incurável.
A traição bem maleável.
O sentimento é mascarado
Com botox modelado.
A esperança midiática,
Fez sua cirurgia plástica!
O sucesso é mera tela
Da feiúra que hoje é bela...
A verdade oprimida.
A mentira aplaudida.
O encontro é fortuito.
Nada mais é gratuito.
O socorro hoje é bárbaro
Onde o grito é apático:
No cenário bem arcaico.
Todo lixo corre solto
Já não cabe nos esgotos!
A mão sempre é fechada,
De liberdade enclausurada.
O amigo é fictício
Nem na rede é armistício.
O saber é dispensado
Nada rende ao chão nublado.
Todo púlpito é bem ridículo
Logo cai no precipício.
E todo furto é famélico
Dentre fomes...
Eis mais um féretro!
Todo ouro... é de tolo,
Não há barro...nem tijolo,
Brilho é fosco, mero engodo.
O telhado é de vidro
Onde se sustenta o vício
De erguer sem alicerce
Todo o mundo que padece.
A notícia é fabricada
Rende juros na desgraça.
O banco faz dividendos
Dum cenário bem horrendo.
O voto drena do esgoto
Ratos muitos, fortes, gordos.
A cara é a mais lavada
Na mentira, maquiada!
A justiça articulada...
Segue desacreditada.
As campanhas só embolsam
Nas misérias sempre apostam.
O tributo é prato cheio:
Aos urubus pelo celeiro.
Na cadeira bomba a bunda
Nunca fez... mas só se abunda
Do que rouba e se lambuza:
Da miséria moribunda.
Vez o outra degenera
E a nádega vocifera,
A metáfora dessa era:
Tudo que no "corpo" abunda
É mentira cabeluda.
Malandragem faz só selfie
Com a pobreza que padece
Sem saber do alicerce
Da tramóia que só cresce.
E tem selfie da bondade
Falso flash às minorias,
Nada fez à dor que urgia
Não mudou nem uma via!
GAP mundo, sem ensaios
Coração nem de soslaio!
Pulsa frente ao cenário.
Mundo Gap: só buracos
Onde o último é mais um caco:
A crescer bem mais abaixo.
O futuro se ressente...
Nunca teve um presente,
Só passado decadente.
Mundo gap, só lacunas!
Sequer os gaps da lua...
Têm fase tão escura!
Mundo Gap em orgia,
Onde a lua se eclipsa...
De tanta dor em agonia.
Tudo sem analgesia.