A paixão

É sim, a paixão.

Como insônia ao meio da noite

Incomoda! Não se pode sonhar

Ou outra se sonha, mas acordado.

Sequer sei! Amo?

Que seja quer não,

Modesta e amável, aninha-se.

E, então, toma o ser completamente.

Paixão fugaz, atroz;

Arranca-nos o que há de mais belo:

A límpida e frágil sutileza de dar-se, moderadamente.

Apossa-se de nossa liberdade,

Torna-nos dependentes dessa substância.

Quem sente que sentimos?

Se no mais profundo,

O sono destronado por uma vontade

De acolher no leito, a dama, dona, dona

De mais um coração.

Furta-nos o cúmplice, a testemunha,

Que, contudo, acompanha-nos,

Por todas e, inseparáveis noites.

O sonho roubado, nada mais é que

A ausência presente de mais um elemento

Fundamental para sobrevivermos: o sono.