PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Juliana Valis




Na decadência de tudo, o nada apenas nos pede

O amor que nos brada, no cerne, sem prescrição,

Além da dor, do delírio que o mundo concede,

No labirinto profundo dos sonhos que  vão...



E, no coração, eis o ápice da dívida humana,

Diluída na dúvida, eterna, em sã consciência,

No amanhã que se espera, na manhã que declama

Toda máxima vã da mínima e só decadência !



Não há existência, portanto, que seja mesmo isenta

Das intempéries da vida, em cada passo nas ruas,

No descompasso do tempo que, assim, atormenta

Nossa pífia ilusão digerida em doses tão cruas...




Portanto, não digo que dores são prescritíveis,

Mendigo, apenas, amores nos labirintos da essência,

Em pequenas vertigens de cores risíveis,

Além do mundo mecenas, da rispidez, decadência. 




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Quadro acima de Pablo Picasso,

A Fábrica.