## SUBMUNDO MADRUGADA ##

Nas esquinas da madrugada almas confabulam, contrabandeando sentimentos.

Charlatães, prostitutas, amas de leite,

comércio ilegal, vícios, deleites.

Penadas almas em fugas de pestes,

atravessam em faixas de pedestres.

Lixo escuro debaixo do tapete, alguém dá a luz

em grave grito de delito a se esconder da ronda.

Há um paletó sobre o cadáver,

médico é extinto em dolorosos instantes.

Atrás das grades o preso grita

enquanto outros se agitam.

Crime e testemunha.

Uma arma reluz esquecida

na encruzilhada bandida.

Bêbado confessa crime de execução,

tiro sem bandido, mala sem provas.

Alguém suplica em reza redonda,

uma absolvição que seja, menos provação.

Saia sobre pernas cabeludas

treme na delegacia, vida em sangria.

Batina descansa na cama,

não há sermão nem mesmo pijama.

Poeta declama solidão para as paredes

entre fumaça de fio verde.

Ratos saem dos boeiros

escorregando na lama,

moça insone vive seu drama.

Prostituta em botas altas suspende o short,

rapazes de carro gritam em deboche.

Menino suplica entre tapas

reagindo ao camburão.

Madrugada dos sem perdão.

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 27/07/2018
Código do texto: T6402230
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