TEMPLOS DE VERSOS
Juliana Valis




Se soubesse a verdade, poderia dizê-la,

Na manhã que renasce como só tempestade

Do amor que brilhe, leve, feito estrela,

Na vida breve, verso que me invade,

Assim, disperso, na ilusão de vê-la...





Se houvesse sempre luz pelos túneis sós

De dores tão humanas quanto o mar da vida,

Talvez o sonho intrépido, na ilusão veloz,

Pudesse transcender o mundo que elucida

Tão profundo tempo transbordando em nós !




Mas quando veremos, frente a frente, a sorte ?

De repente, a vida se torna labirinto,

E todo véu de toda dor que sinto

Deleita-se como céu a sucumbir na morte...




Se soubesse o sentido exato da vida,

Deveria dizê-lo não apenas em versos,

Mas nos próprios caminhos que a paz convida,

Nesses ninhos de sonhos sempre tão imersos

Nos próprios universos do coração, na lida...




Rir do tempo, portanto, é asneira,

Pois tudo se esvai na proporção do nada,

E a estrada efêmera, breve e traiçoeira

Torna-se a própria vida quando o amor nos brada !




Ah, coração em templos de versos sempre sós,

Veja que a emoção transborda muito além da dor,

Bem aqui, no cerne de quem somos nós,

Entre corpo e alma, suplicando amor !



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