Desaguei nas margens do Rio Tietê
E quando meu peito surtou
e tudo em mim se descontrolou
percebi que já não sabia mais onde estava
nem conseguia me lembrar o que eu desejava
Me lancei em cada esquina dessa cidade
buscando um maldito perdão
buscando encontrar uma salvação
Fugindo dos meus pensamentos
e de cada fantasma que me assombrava
tentando apagar cada remorso
cada sussurro que me atormentava
Procurei lugares longe dos olhares
afinal, sempre me disseram
“o que os olhos não veem, o coração não sente”
e como eu quis acreditar nesse ditado
mas infelizmente provei que ele estava errado
o coração sentiu, sentiu tanto que adoeceu
As fugas de nada serviram
os pensamentos, os fantasmas
no fim de tudo me alcançaram
um reencontro em meio a tempestade de carros
na vasta e tumultuosa marginal
Foi lá onde me reconciliei
com cada pensamento
com todos meus fantasmas
E Por fim,
Desaguei a podridão que havia em meus olhos
Desaguei as mágoas que carregava na alma
Desaguei os remorsos que habitavam minha mente
Desaguei cada lágrima de frustração
nas margens do Rio Tietê