Desaguei nas margens do Rio Tietê

E quando meu peito surtou

e tudo em mim se descontrolou

percebi que já não sabia mais onde estava

nem conseguia me lembrar o que eu desejava

Me lancei em cada esquina dessa cidade

buscando um maldito perdão

buscando encontrar uma salvação

Fugindo dos meus pensamentos

e de cada fantasma que me assombrava

tentando apagar cada remorso

cada sussurro que me atormentava

Procurei lugares longe dos olhares

afinal, sempre me disseram

“o que os olhos não veem, o coração não sente”

e como eu quis acreditar nesse ditado

mas infelizmente provei que ele estava errado

o coração sentiu, sentiu tanto que adoeceu

As fugas de nada serviram

os pensamentos, os fantasmas

no fim de tudo me alcançaram

um reencontro em meio a tempestade de carros

na vasta e tumultuosa marginal

Foi lá onde me reconciliei

com cada pensamento

com todos meus fantasmas

E Por fim,

Desaguei a podridão que havia em meus olhos

Desaguei as mágoas que carregava na alma

Desaguei os remorsos que habitavam minha mente

Desaguei cada lágrima de frustração

nas margens do Rio Tietê

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 25/07/2018
Reeditado em 30/07/2018
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