panos encardidos
quando diante de um Zé Loureiro
de um Saramago
de um Dostoiévsky, de um Jorge Amado
de um Tolstói,
estamos despidos
choramos, coramos
nos damos conta de que somos
bons, honrados, maiores...
mas quando colocamos a roupa
e vamos pra escola
a calça comprida pra ir ao trabalho
a malha pra academia
quando esperamos com raiva
na fila do banco
quando aguardamos a hora
de falar o nosso poema
com toda aquela excitação
sabendo que não
há ninguém pra escutar
aí é que então
parecemos brilhar
e vemos quem somos
ou que somos menores
até mesmo mesquinhos
ricos de insensatez
como podem ter sido
diversos autores
vencedores talvez
Rio, 28/02/2007