Ébrio e saudoso, não escrevo este poema.

Ébrio e saudoso, não escrevo este poema.

Sequer me coloco alheio à alegria do mundo.

Não acendo este cigarro.

Nem me situo à deriva de meus pensamentos.

Há, no entanto, sentimento peculiar

Que anuncia a felicidade de estar aqui,

Em tempo dissonante,

Circunstância idêntica,

Lugar comum, nossas vidas as mesmas.

Não falamos sobre antigas namoradas,

Sequer olhamos para trás e rebobinamos o destino.

Nem nos sentimos infelizes;

E eu, não produto de uma não nostalgia,

Encontro lugar exatamente onde estou.

Feliz e conciso.

Quem me dera, ó Dara,

Tivesse preocupações,

Não soubesse que vida viver,

Me fizesse triste por não tê-la comigo,

Em momentos como este,

Em que não reflito sobre a vida,

Sequer acendo este cigarro,

E a desejo mais que meus pensamentos,

Em vez de pensar em escrever este poema.

(As ondas não me apagam.

E às estrelas não me encaminho,

De onde ela possa não vê-las

Mesmo que tão distante...)

Brunno Freire
Enviado por Brunno Freire em 13/07/2018
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