Eu... Borboleta!
Estou passando minha fase de casulo
Enclausurada como uma pobre lagarta
Olhos fechados a debate-me no escuro
Presa por corda, com nó que não desata.
Antes, sem rumo à beira do precipício
Muito cansada, a arrastar-me ferida.
Pensava esse sofrimento e suplício
Talvez me mostre que em tudo há vida
Momentos ruins passam fico a pensar
Apavorada no meu andar rastejante
Subo em uma alta árvore para morar
Colo meu corpo ao galho verdejante
E começo uma transformação dolorosa
Sei que é preciso não desistir de lutar
Um dia uma aurora linda e formosa
Trará um sol dourado pra me iluminar
Passa o tempo, cansada da vida obsoleta.
Penso triste é meu fim, tudo irá terminar.
Eis que algo se rompe, viro uma borboleta.
E com azas leves e coloridas, saio a voar.