Outrora
Já fui amor, e rimei doçuras nas madrugadas,
E me tornei ternuras, nas manhãs douradas;
E me fiz de silêncio, em noites enluaradas...
Para poder ouvir o tempo, me sentir enlaçada.
Já fui a menina dos olhos de alguém, fui brasa,
Fagulhas que aqueciam a noite; motivo de asas;
Fui tema, tremendo, tramando, tecendo, tragando,
Trazendo palavras adocicadas, ternura banhando...
A matéria desnuda, caindo por terra, e por água,
No fogo que não passa, alma embriagada deságua;
No ido, sentido do verbo, sou o reflexo ao contrário,
Sem Narciso; somente flor amarela no orquidário...