Palavras e palavras (Um muro impenetrável)
Palavras nunca são palavras... inteiramente ao vento.
O vento não pode derrubar a solidez de palavras ditas com o ser
[identificado a contento.
E, assim, as palavras utilizo
transgredindo o silêncio
violando a passividade
presente em mim, muitas vezes,
a qual não posso evitar. Embora muito eu me esforce contra o vício.
(Por isso, palavras valem muito para mim. As palavras revelam o que aquele coração traz no seu mais profundo íntimo, onde aquele aspecto da vida humana está tomado, imerso, por uma situação, por um momento, por uma consequência, por uma atitude que alguém realiza ou realizará...)
Se eu pudesse, com uma supravocalidade
romperia como um guizo
essa ociosa ausência em pênsil.
E é por isso que palavras eu gostaria de dizer
gostaria de ter dito
gostaria de ter falado
gostaria de ter transcrito...
...em sentimentos mais nobres, mais profundos, que seria possível declamar. Tornar factível, compreensível, aquilo está no meu coração.
"Coração: calado!" ou "Coração calado!",
não lembro nem mais como proceder.
Mas o que sei, afirmo, quando você diz, "não diga!", ou quando você diz
["desconsidere!",
eu quero que você também, na verdade, "não cale!", "não silencie!",
["não ignore!".
(Afinal de contas, só eu que consigo ver esse muro?)
O profundo sentimento do meu coração é que você "não cale!", assim como eu. E que você "diga!", embora não diga aquilo que gostaria de comunicar.
Porque eu acredito que o maior aliado da morte é o silêncio. Com a sua ártica quietude, onde o sopro siberiano revela uma presença da ausência da sua voz... somente na memória pode ficar.
E o que é isso senão a morte em completa continuação?
Por isso... não cale!
Não... cale.
Permita que não haja o "não diga!". Ao invés, que haja o som das palavras que eu gostaria de te dizer. Do fundo do meu coração.
(Afinal de contas, só eu que consigo ver esse muro?)