FLORESTAS CARDÍACAS
Corações são florestas que pedem vida,
Além das letras como vulcões de amor,
Na estrada que a alma já nos elucida
Na luz que brada, transcendendo a dor,
Florestas são frações da mesma cor perdida...
Eis a vida, sim, eis a vida nas profusões
De árvores como esculturas de sentimentos,
Nesses tantos galhos de nós, em sonhos, confusões,
Prantos que nos levam a voar com ventos,
Amando o vil segredo além das ilusões...
Mentir pra quê, se temos tanto medo ?
Quando o átimo do descompasso vem e nos atinge,
No passo lento que, assim, concedo,
Sem temer reflexos de nossa própria esfinge,
Pra que fingir, se temos tanto medo ?
Melhor admitir que a vida já nos rende
Aos labirintos de florestas tão emocionais
Que o amor nos olha e assim nos prende
Aos delírios dos sonhos, suplicando paz,
Suplicando luz às tempestades trôpegas
De nós, nas selvas que este mundo traz...
E não tenhamos medo do veloz começo
No fim de um tempo que se inicia aqui,
Quando a alma pede, no fundo, mais apreço,
Suplicando amor ao sonho que sorri,
Eis o medonho véu do verso que conheço,
No céu disperso como a vida, em si !
O que dizer da vida, céus, o que dizer das vidas ?
Das vidas como labirintos de escarcéus em nós
No tempo mais veloz, nas rotas tão perdidas,
Florestas tão cardíacas de notas musicais e sós,
O que dizer da paz em almas ressentidas ?
O que dizer das lidas no verso mais atroz ?
Ah, versos que se perdem nos universos,
Ergam-se além das dores, das florestas cardíacas,
Suplicando amores, êxtases em nós dispersos,
Indelevelmente sós nas almas tão idílicas !
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