Contentamento
 
A gente peca e não sabe;
erra e não vê;
sente e não distingue
muito bem o que fazer.
A paz de espírito
fica como coisa esotérica,
desdenhada pela praticidade;
por conceitos sacramentados
dos quais não se quer
o desconforto de ser sacrílego,
embora, historicamente,
saibamos serem dos audaciosos
o legado que desfrutamos.
 
Contraditoriamente,
carregamos a bandeira
da cômoda ingratidão
quando festejamos as conquistas
a ponto de quase as desassociar
dos conquistadores
no ébrio enlevo do gozo
 
Talvez seja, enfim,
o destino dos povos:
pequenas diferenças
ao se ver de longe,
mas abismos
à luz dos seus microcosmos
...e é dalí que partem
céus e infernos.