Azargurado

Fazem semanas que me sinto azargurado,

este certo amargor de me sentir representado

nas horas de falta de sorte ou nos dias de azar mais descarado.

Mas desde pequeno sei que não é bom contar com a sorte,

e com o azar eu me cuidar, pr’eu não lhe dar a chance,

pois este espreita como cobra, pronta a dar-me o bote.

E após muito pelejar entre azar de amor e jogos, e

de ser picado tantas vezes em minhas coxas, nuca e ombros.

me ergo vacilante de meus tenros desencontros.

Bamboleio em passos tortos e ouço uma voz ao pé ouvido,

a qual sussurra a heresia dos bem providos,

tal qual um assobio que entoa o canto dos desiludidos:

“O futuro é do caos o eleito” — Ouvia os pensamentos a suspeitar — 

“A melhor previsão é a daquilo que já está feito”,

sussurrava feito brisa do mar, atando minhas feridas que estavam a pingar

Ainda que pose audacioso, finjo que compreendo

 — logo eu que de pouco sei e de muito menos entendo — 

que o destino, o azar e a sorte são só nossas desculpas pras intempéries do tempo.

Lucas Gabriel Rangel
Enviado por Lucas Gabriel Rangel em 25/05/2018
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