INDIFERENTES ESTAÇÕES
O inverno traz poesia,
a tristeza.
Traz saudade e prisão...
Talvez porque tenha o sangue
quente, congelado.
Talvez porque seu próprio
corpo treme...
Talvez por portar a cordilheira
em suas costas... será por
minhas lembrança dela...
No outono sinto-me folha caida...
Sinto-mo decrépíto e decadente.
O vento não faz refrigério,
só traz má notícia... a vida lá fora,
só pisoteia sem pena, o amor passado
se faz presente sem dar nada...
Tudo nos aparece pela frente
na porta avante...mas ela mesma
a mulher outonal, nunca aparece...
Ó verão, vivaz criatura ! entra
sem ser convidado... pode
ter boa intenção, não sei... não o sinto.
Anestesiado pela dor de tantas perdas,
nem percebo minhas roupas empapadas,
nem sinto meu corpo em chamas...
Fisicamente me queimo, mas
espiritualmente, cada vez mais esfrio
nesta estação...
Vem primavera, o tempo sorri...
O vento brinca feliz,
as flores se penteiam... mas não
para mim...
Nestes lances, a beleza se espanta !
Os pseudos felizes me chamam !
Por que me chamam !?
Estou fora de estação... vivo em
clio permanente...em estado de sítio
e a tudo, indiferente... !
PS.pessoal, não confundam as coisas, eu não
vivo assim, nem sou assim... é só um exercicio de criação...