Enfermo
Nesse resto de existência​
Desses dias tão mortais
Me atrevo a dizer para a vida:
Serei feliz
E nada mais.
Sigo o lapidar constante
Consciente
Das colunas que me sustentam
Dos tijolos que me formam
Na forja quente das dores que sinto
E na alegria inebriante
Das emoções que me permito
Abro janelas
E fecho os olhos
O mundo então é infinito
Mesmo entre as trevas
Dessa ignorância animalesca
Dessa nossa falta de luz e leveza
E até quando nossos fardos
São os restos de nós que arrastamos pelo mundo
Mesmo quando ecoa o som mudo
Do nosso desespero a gritar a sós
No escuro
Entre lençóis e choro quente
Infinito também é o que a gente ressente
Mas há!
E há sempre um sorriso Impermeável
Impertinente
Que insiste
Nessa esperança em ser resistência
Nessa vontade que pulsando em essência
Em ansia de resistir ao ódio
Ao medo, ao rancor
Em resistir às dúvidas
As dores
E aos calos da luta
Há dias em que a gente agradece
Em outros tantos a gente esquece
Em alguns a gente só existe
Noutros a gente só resiste
Mas há em mim
Uma verdade absoluta:
Todos eles são sintomas da doença, mas também são oportunidades de cura.
Há amor na dualidade.
A gente é cinza. Mas só floresce quando cresce.
- Charlene Angelim