Enfermo

Nesse resto de existência​

Desses dias tão mortais

Me atrevo a dizer para a vida:

Serei feliz

E nada mais.

Sigo o lapidar constante

Consciente

Das colunas que me sustentam

Dos tijolos que me formam

Na forja quente das dores que sinto

E na alegria inebriante

Das emoções que me permito

Abro janelas

E fecho os olhos

O mundo então é infinito

Mesmo entre as trevas

Dessa ignorância animalesca

Dessa nossa falta de luz e leveza

E até quando nossos fardos

São os restos de nós que arrastamos pelo mundo

Mesmo quando ecoa o som mudo

Do nosso desespero a gritar a sós

No escuro

Entre lençóis e choro quente

Infinito também é o que a gente ressente

Mas há!

E há sempre um sorriso Impermeável

Impertinente

Que insiste

Nessa esperança em ser resistência

Nessa vontade que pulsando em essência

Em ansia de resistir ao ódio

Ao medo, ao rancor

Em resistir às dúvidas

As dores

E aos calos da luta

Há dias em que a gente agradece

Em outros tantos a gente esquece

Em alguns a gente só existe

Noutros a gente só resiste

Mas há em mim

Uma verdade absoluta:

Todos eles são sintomas da doença, mas também são oportunidades de cura.

Há amor na dualidade.

A gente é cinza. Mas só floresce quando cresce.

- Charlene Angelim

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 01/05/2018
Código do texto: T6324440
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