Café
O líquido negro
Pendente em copo plástico
Sorvido, queima a boca
Incinera a traquéia
Faz ferver pulmões
Da alma já cansada de ar
Do cansaço dessa alma asmática
O desejo por descanso, inércia
Cama e cripta
Colchão, caixão
Edredom e terra
E um céu de estrelas que não choram por mim
Na finitude desse recipiente apático
O líquido escuro não perdura
Não sustenta e nem nutre
Adoçado, suportado, anestesiado
O real agrada a poucos
Mas vicia
Ao fim do gosto amargo
Copo descartado,
A bala, o chiclete e o caramelo são bem vindos
Acordado me volto ao falso doce de minha psiquê.
Onde tudo vai melhorar
Após dedos queimados e uma lembrança amarga na garganta.