Pesadelo

Apaguei a luz e senti um calafrio

Havia um vulto

Como se houvesse uma pessoa

Em pé ao lado da cama.

Que porcaria é essa?

Pensei comigo

Num sobressalto acendi a luz

E nada havia em meu quarto

A não ser a minha solidão.

Uma indagação perpassava a minha mente

Enquanto sentia o coração pulsar acelerado.

Não sei se estava dormindo

Sonhando que estava acordado

Ou se estava acordado

Acreditando que estivesse dormindo.

Que realidade é essa?

Que pesadelo é este que tenho agora?

O que são as sensações dentro de mim

Que se digladiam a todo instante?

Quero acordar deste sono profundo

Tornar-me uma metamorfose

Viver uma transformação.

Mas, no silêncio sepulcral que sinto agora

Não há espaço para as minhas divagações.

Uma tonelada de sentimento

Afunda o meu intelecto e sinto náuseas estomacais

Que me fazem vomitar as palavras.

Espanto, então, os demônios

Que pairam sobre minha cabeça

Os enxoto sem compaixão

Pois não quero ouvir seus grunhidos

E, muito menos, ser por eles atormentados.

Fecho os olhos e tento dormir

E já não sei qual realidade estou.

Acordado para a vida eterna

Morto para a vida terrena.

Não pertenço a este lugar

E como peregrino

Sou enxovalhado pelas criaturas abomináveis

Que perturbam o meu sono.

Tapo os meus ouvidos e dou um grito:

- Cale-se, demônios do inferno!

Sem saber que os demônios

São meus próprios pensamentos.

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense